Cusquices

domingo, 12 de setembro de 2010

Porque ainda quero acreditar



Up Where We Belong

Who knows what tomorrow brings
In a world, few hearts survive
All I know is the way I feel
When it's real, I keep it alive

The road is long, there are mountains in our way
But we climb a step every day

Love lift us up where we belong, where the eagles cry
On a mountain high
Love lift us up where we belong, far from the world
We know, up where the clear wind blow

Some hang on to used to be
Live their lives, looking behind

All we have is here and now
All our life, out there to find

The road is long, there are mountains in our way,
But we climb them a step ev'ry day

Love lift us up where we belong, where the eagles cry
On a mountain high
Love lift us up where we belong, far from the world
We know, up where the clear winds blow

Time goes by, no time to cry, life's you and I
A live today

Love lift us up where we belong, where the eagles cry
On a mountain high
Love lift us up where we belong, far from the world
We know, where the clear winds blow

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Infância


Era uma menina de estatura pequena, franzina e muito irrequieta, diria mesmo como muitos gostavam de lhe chamar,”Maria Rapaz”!
Nos dias gélidos e tempestuosos que se faziam sentir naquela altura, pela manhã muito cedo, artilhava-se a Maria com botas castanhas, altas, de fecho lateral, muito orgulhosa das ditas; gorro amarelo-torrado de lã grossa, tricotado pela mãe, do qual era inseparável, muitas vezes até para dormir e cachecol igual.
Às costas a mala rectangular, verde azeitona de duas alças e na mão a cesta de verga com o almoço “jantar” e lanche, tão simples que ninguém hoje o imaginaria.
Partia a Maria por montes e vales, vento e chuva forte, passava a ribeira com muita dificuldade, de pedra em pedra a saltitar, quando a fúria das águas deixava, e fazia assim 3 km de jornada matinal, para a repetir novamente no final do dia.
Mas que prazer ela sentia em fazer essa caminhada, como era feliz a Maria por ir mais um dia para a escola.
À noite, à lareira e à luz das lamparinas a petróleo, “sem televisão é claro”, enquanto a família e amigos se reuniam a jogar às cartas ou simplesmente a contar velhas histórias e lendas, adormecia ao colo de sua mãe, e chegava a acordar sobressaltada a pensar que já era novamente hora de levantar.
Muitas vezes sentava-se ao colo do tio, homem muito alto e charmoso, e ouvia deleitada, histórias de fadas, castelos, príncipes e princesas e bruxas más, tiradas bem lá do fundo do bolso do casaco ou da calça, com muito espanto e alegria.
Que saudades e que boas lembranças daquele tempo…Que saudades da ingenuidade e tranquilidade da infância… Que saudade!

A lembrança da infância é o único sonho real que nos resta na fase madura da vida, os demais são meras utopias.